Houve uma época na minha vida em que ser triste parecia algo divertido, mas era divertido ser triste em grupo. A verdade é que ninguém era realmente triste ou tinha todos os problemas mentais que dizia ter. Hoje, 10 anos depois, olho para trás e me sinto nostálgica, às vezes até me achando patética. Os problemas daquela época são como grãos de areia comparados ao que enfrento hoje.
Para começar, nunca precisei lidar com as consequências dos meus atos enquanto era adolescente. O caos que provoquei e as escolhas erradas só se tornaram realmente um problema depois dos 25 anos, e me atormentam todos os dias.
Em segundo lugar, a falta de dinheiro se tornou algo que eu nunca imaginei que enfrentaria. Não que eu venha de uma família rica, mas, quando era adolescente, bastava pedir aos meus pais dinheiro para um lanche. Hoje, raramente sobra dinheiro nem para isso. O salário mínimo é contado, cada gasto precisa ser planejado; caso contrário, passo os últimos 15 dias do mês sem um real. Este é o meu caso neste mês. É realmente estressante precisar de dinheiro para as coisas mais básicas e não ter como me sustentar sozinha.
Naquela época, as pressões estéticas já eram absurdas, mas, com o tempo, se tornaram ainda mais intensas. Os problemas físicos e mentais afetam meu corpo. À beira dos 30, sinto-me como um grande saco de banha, sem beleza ou atrativos que possam interessar a alguém.
O peso da solidão foi se tornando um fardo cada vez mais pesado. Houve épocas em que me orgulhava de "ser sozinha". Hoje, vivo uma relação de amor e ódio com a solidão. Existem momentos, como agora, em que aprecio estar apenas comigo mesma, mas em outros dias sinto falta de ter pessoas por perto. Isso não significa que eu não tenha amigos. Com o tempo, fiz amizades que, inclusive, me ajudam a suportar a vida adulta. Atualmente, a solidão que mais me incomoda é a romântica. Eu até gostaria de ter alguém com quem dividir a vida, mas volto à questão dos atrativos, que não acredito possuir — grande red flag aqui. Além disso, prefiro estar sozinha do que com qualquer pessoa apenas para suprir carências emocionais. Talvez esse seja um dos pontos positivos da vida adulta: a maturidade emocional — ou, se preferir, um bloqueio amoroso.
Percebi também que o tempo é um grande vilão correndo contra mim. Antes, achava que tinha todo o tempo do mundo, mas sinto que o desperdicei e não fiz nada minimamente admirável.
E então, eu descobri a depressão. Não aquela depressão que eu pensava ter quando era adolescente, que eu acreditava ser apenas uma grande tristeza. Eu descobri o vazio, a sensação de não conseguir me mover, de não ter um propósito. Entendi a falta de sentimentos e como é estar em qualquer lugar e não me importar se é um lugar ruim, porque mudar algo significaria mexer em coisas que eu prefiro manter guardadas. Descobri o álcool dos finais de semana, uma tentativa de esquecer um pouco os problemas. Descobri como olhar para um quarto tão bagunçado e tentar arrumar, mas perceber que dentro de mim existe uma bagunça ainda maior.
Sinto tanta falta de ser adolescente. Sinto falta de ser inconsequente, de não ter preocupações maiores do que fingir tristeza em um grupo de amigos. Compreendo que tudo isso faz parte das escolhas erradas que fiz ao longo do caminho, e não reclamo. Aceito o preço que pago e pretendo continuar sustentando minhas decisões, buscando algo melhor. Mas, ainda assim, não deixo de sentir falta de ser adolescente.
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