domingo, 20 de abril de 2025

Amar Sem Rótulos

A definição de amor, segundo opiniões pessoais, pode variar bastante de uma pessoa para outra. Na minha visão, o amor é um sentimento que te faz querer o bem de outra pessoa — algo que envolve fidelidade, respeito, empatia, segurança e, acima de tudo, o desejo genuíno de ver a felicidade de quem você ama.

Existem muitas formas de amar. Acho que já experimentei várias delas, e entre todas, o amor romântico foi o mais carrasco e doloroso.

Nunca me propus a falar sobre isso abertamente. Quer dizer, alguns amigos conhecem minhas opiniões, mas não sabem exatamente o que penso ou sinto de verdade.

Na adolescência, me apaixonei muitas vezes. Como dizem por aí, eu era muito "emocionada". Acreditava firmemente que amava todas aquelas pessoas, mas hoje percebo que era apenas paixão. Não amei nenhum deles de verdade.

Acredito que o amor entre amigos e entre amantes pode ser muito parecido. A diferença está na forma como nos relacionamos na intimidade e nos planos de vida. O amor entre amantes costuma ter uma intimidade mais profunda e envolve sonhos e projetos que são bem diferentes dos que temos com amigos.

Nossa, acho que toquei num assunto que renderia um texto enorme. Mas a verdade é que minha experiência com o amor é pequena. Amo muito meus amigos, mas romanticamente, só tive uma única experiência — e foi tortuosa, tóxica, deixou marcas que carrego até hoje. Já faz cinco anos que estou solteira, e desde então sinto dificuldade em me abrir para uma vida a dois.

Agora vem a parte problemática. Eu costumava sonhar com uma família. Fui criada em uma igreja, e esse desejo foi inserido em mim desde cedo. Mesmo depois de muitos anos longe da igreja, ainda era algo que eu queria. Quando finalmente me aventurei, me dediquei ao máximo: aguentei muita coisa, investi tempo, energia, amor. Fiz tudo o que podia. E ainda assim, tudo deu errado. Com o tempo, comecei a me questionar se aquele era realmente o meu sonho, ou apenas algo que me ensinaram a desejar. Eu acreditava de verdade que só seria feliz daquele jeito. Por isso, o fim do relacionamento me despedaçou — mesmo tendo sido um relacionamento ruim.

O tempo me ensinou muitas coisas. Uma delas foi a diferenciar o que eu realmente quero do que apenas fui convencida a querer.

E agora, aqui estou eu, refletindo e tentando entender onde esse texto vai me levar. No fundo, só queria dizer que me apaixonei por um amigo e ele não faz ideias dos sentimentos que tenho por ele. No início, achei que fosse algo passageiro, mas, com o tempo, percebi que o amo de verdade. Ele, por sua vez, segue sua vida de maneira independente, com outras relações e compromissos. Curiosamente, isso não me incomoda de forma direta. Ao contrário do que muitos podem esperar, a minha maior fonte de ciúmes não vem das outras pessoas com quem ele se relaciona, mas da convivência dele com outros amigos. Não entendo bem por que isso acontece.

O fato é que me preocupo com o bem-estar dele. Ele é a primeira pessoa para quem quero contar os absurdos do meu dia. Os sentimentos que carrego por ele se encaixam completamente na minha definição pessoal do que é amor. Mas, ao mesmo tempo, fico me perguntando: isso é amor romântico ou a mais sincera — e talvez a mais bela — de todas as amizades? Parte de mim sente atração física, mas não sei se quero um relacionamento que envolva algum tipo de intimidade física com ele. Também há a questão de termos opiniões um pouco diferentes sobre o que deveria ser um relacionamento e, sendo bem sincera, não acho que o sentimento seja recíproco da parte dele, pois não acredito que sou o tipo de pessoa por quem ele se sinta atraído de forma romântica. Acredito que a relação que temos sempre será de grandes e bons amigos.

Em última análise, o amor é um sentimento que deve ser vivido de maneira autêntica, sem pressões externas ou idealizações.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Reconstruindo em Silêncio

Desde a última vez que me propus a escrever algo pessoal, as coisas não mudaram muito por fora. Mas, por dentro, as transformações foram profundas.

Tenho me dedicado a um projeto específico. Não criei grandes expectativas sobre ele, mas acredito que algum resultado vai surgir — especialmente em termos de aprendizado e experiência.

Tenho tomado meus remédios da forma mais correta possível e, dentro das minhas limitações, venho tentando manter uma postura mais positiva.

Quando pensei neste blog, quando surgiu a ideia de transformar minha vida em palavras, me prometi que só escreveria quando sentisse uma necessidade verdadeira — ou quando algo me inspirasse de verdade.

Geralmente, essa necessidade ou inspiração aparece nos meus piores momentos, especialmente quando tudo parece prestes a desmoronar. E é aí que entra a escrita: como um alicerce, um respiro, um jeito de colocar as coisas no lugar.

Tenho refletido sobre isso — sobre o fato de que minha vontade de escrever quase sempre surge quando não estou bem — e, confesso, me senti meio patética por isso. Não quero, e nunca quis, ser aquela pessoa que escreve se colocando no papel de vítima. Até porque, sinceramente, não me vejo assim.

Nos meus momentos de fragilidade, por mais que eu pareça uma fruta machucada, sei que grande parte da culpa é minha. Eu me coloco, repetidamente, em situações que sei que vão me fazer mal. E admito: sou difícil de lidar.

Pronto. Agora o texto começou a perder um pouco o rumo daquilo que eu queria dizer. Mas tudo bem. A verdade é que eu quero escrever em todos os momentos da minha vida — não só nos ruins.

Hoje, por exemplo, estou num momento de calmaria. Não diria que é um bom momento, mas é um recomeço. Estou voltando a caminhar. E mesmo sem ter nada muito específico pra dizer, quis dedicar um tempo a algo que me faça bem.

Como já comentei, estou envolvida com um projeto e, mesmo sem grandes expectativas, estou feliz em ver uma ideia sair do papel e ganhar forma. Estou gostando de construir cada etapa, de tentar seguir um cronograma, de me envolver com o processo. E mesmo que não dê certo no fim, tudo isso já está me trazendo uma boa dose de aprendizado.

Acho que era isso que eu queria compartilhar. Hoje não vai ter melancolia, nem frases do tipo: “Alguém me salve e me leve pra casa”. Quer dizer… eu sou um pouco assim, sim. Mas também vivo num mundo em que, se escolhi continuar, preciso seguir tentando.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Às Vezes, Só Acontece

Às vezes a gente não tem como esperar isso, apenas acontece...

Respire fundo, é quarta, ainda tem mais alguns dias, fume mais alguns cigarros, olhe em volta... Estou sentada em uma cadeira de madeira, na minha frente uma mesa de mármore, a parede com uma janela mais velha que minha existência, à minha direita tem a parede com tomadas, à minha esquerda uma mesa de cabeceira e a cama, atrás de mim um ventilador velho, a porta e o guarda-roupas.

Olhe em volta de novo, repare nos detalhes, sinta o vento, a gatinha preta que dorme na janela. Olhe a pilha de travesseiros, a bagunça de cobertas, uma pilha de canetas e várias coisas amontoadas na mesa de cabeceira. Lá no quintal os cachorros latem e os pássaros cantam, na cozinha o chão precisa ser varrido e na sala os móveis precisam ser limpos.

Por que tudo está tão confuso? Eu estou em casa, supostamente descansando durante as minhas férias, mas eu queria estar na faculdade. Prefiro mil vezes toda aquela confusão, a pressão para estudar e ser inteligente. Mas eu tô aqui, procurando sentimentos, tentando sentir alguma coisa, justificando na minha cabeça que eu tenho 30 anos e não deveria mais me machucar.

Tem mais um cigarro na minha boca, tem mais pensamento ruim passando na minha cabeça, eu estou sozinha, meus amigos estão no trabalho e eu queria ser amiga da minha mãe, mas acho que ela não quer ser minha amiga, somos diferentes.

Quando eu vou parar de escrever textos sobre solidão e depressão? É quarta-feira e eu deveria fazer coisas úteis.

Acho que vou passear daqui a pouco. Não um passeio de verdade, só vou andar de ônibus e caminhar na praia. Espairecer a cabeça, enquanto eu sento em algum lugar para pensar na vida.

Eu não construí nada, eu queria desistir, mas costumava ter medo de desistir, sempre me agarrei a pontas de esperança, tenho medo da minha filha ficar só. Mas já está claro que ela não vai ficar só, eu não tenho ponta nenhuma de esperança e já estou perdendo o medo de desistir.

É quarta, olhe em volta mais uma vez, respire fundo, isso é mais uma crise, daqui a pouco passa.

terça-feira, 1 de abril de 2025

A nem tão grande experiência

Há alguns dias, entrei em uma nova fase da vida: a década dos 30. Não compartilhei sobre a experiência antes, pois, na verdade, o dia em si pareceu normal. Amanheceu uma terça-feira nublada, fiz algumas coisas, depois fui à praia, conversei com alguns amigos e comi um pequeno bolo que minha mãe fez. No sábado, saí com alguns amigos e foi bom e divertido.

Então, é isso: cheguei aos 30... Tenho a sensação de que essa é uma idade em que as coisas deveriam ser levadas mais a sério, e talvez muitas pessoas esperassem que eu tivesse conquistado coisas mais importantes ou relevantes. Não sei bem o que pensar ou esperar deste momento da minha vida.

Decidi que não vou fazer planos mirabolantes ou sonhar com coisas absurdas. Quero realizar os pequenos desejos, como concluir o curso superior e conquistar a independência. Depois, posso ver ou pensar no que quero para o futuro.

Não vou mentir sobre o meu estado de saúde mental, que ainda continua bem ruim. Tenho tentado lidar com situações que não sei até que ponto são suportáveis, mas tenho continuado. No último domingo, tive uma crise, e, no meio dela, pude entender melhor algumas coisas sobre mim e sobre as pessoas à minha volta.

Acho que, sobre a grande experiência que foi o meu aniversário, só tenho isso a declarar: não foi um evento épico, mas talvez tenha me dado uma fonte de inspiração para concluir desejos e lidar com crises de forma mais independente.

Obs.: Uma pequena lista de aprendizados que tive ao longo dos 30 anos de vida:

  1. Nem tudo acontece na hora e do jeito que planejamos.
  2. Amizades que não fazem questão de você não são suas amizades.
  3. Às vezes, a sua própria companhia é suficiente.
  4. A vida é cheia de altos e baixos; o melhor é saber curtir durante a fase alta.
  5. As coisas não são 100% perfeitas, mas nada é perfeito.
  6. Acima de tudo, a família é a coisa mais importante (vale lembrar que, às vezes, sua família não precisa ser quem te deu a vida, mas as pessoas que estão lá por você e te apoiam).