domingo, 25 de maio de 2025

Como me ensinaram a me odiar (e como tento desaprender)

Quando eu era criança, sonhava em ser bailarina. Amava balé. Amava ainda mais ginástica rítmica. Era o meu grande sonho: subir nos palcos, competir, ser reconhecida dentro daquele universo que parecia tão mágico. Mas, como acontece com muitos sonhos infantis, esse também ficou pelo caminho. E tudo bem... ou, pelo menos, era isso que eu tentava acreditar. Na época, achei que aceitar a desistência era o suficiente. Mas, com o tempo, percebi que algumas coisas deixam marcas profundas — principalmente quando tocam direto na forma como a gente se enxerga.

Nunca fui o tipo de menina que as pessoas olham duas vezes na rua. Nunca fui considerada bonita, muito menos impactante. Sempre fui "a amiga estranha" de alguém linda demais. A comparação era constante — mesmo quando ninguém dizia nada, ela existia. E quando diziam… bem, doía.

Desde que me entendo por gente, estou acima do peso. Sempre tinha alguém para comentar sobre isso. Quando não era um parente, era alguém da ginástica. Com o tempo, aprendi que existia algo errado em mim. Não porque eu achava isso, mas porque me ensinaram assim. E foi aí que tudo começou a desandar.

Depois que deixei o balé e a ginástica, continuei lutando com o espelho — e, pior ainda, com a balança. A relação com meu corpo virou um campo de guerra. E, sem perceber, fui entrando em um transtorno alimentar. Primeiro, comecei a pular refeições. Um dia sem comer, depois dois. Até que vinha aquela explosão de ansiedade, raiva, frustração… e eu comia em dobro. E depois vomitava tudo. Era um ciclo. Um ciclo doentio, silencioso — e, por muito tempo, invisível até para mim mesma.

Todos esses anos de conflito com o corpo, somados aos traumas e à cobrança estética constante, criaram uma bagagem emocional que carrego até hoje. Me tornei uma adulta cheia de inseguranças. E, infelizmente, essa ainda é a minha realidade.

Gostaria de dizer que aprendi a lidar com minhas imperfeições. Que me aceitei. Que superei. Mas não seria verdade. Estou acima do peso. Luto diariamente contra a depressão. Tento fazer as coisas funcionarem sem entender muito bem como. Sei que não existe uma solução mágica. Resolver tudo de uma vez é impossível. Mas talvez, por partes, seja possível.

Uma parte de mim quer aprender a lidar com minhas imperfeições. Outra parte quer mudar tudo agora. Quero resultados imediatos, mas também sei que só emagrecer não resolve. Eu poderia perder 50kg e, mesmo assim, continuar sem conseguir me olhar no espelho. É difícil ter tanta coisa pra resolver e, ao mesmo tempo, se sentir estagnada — sem conseguir fazer algo que realmente traga algum efeito.

terça-feira, 20 de maio de 2025

Respirar, escrever, continuar

Sigo comprometida em manter vivo um diário online, o qual não atualizo com muita frequência, mas, bem, aqui estou de volta apenas para colocar algumas palavras em dia.

Acho que não aconteceram muitas coisas significativas ao longo do último mês — apenas vivi. Um ponto positivo foi a volta às aulas da faculdade. Estou passando por um bom momento, com a mente e a agenda ocupadas. Apesar de toda a correria e, às vezes, de uma carga de estresse pesada, gosto de estar envolvida. Assim, me resta pouco tempo para pensar em coisas inúteis e ruins.

Algum tempo atrás, comentei sobre o meu envolvimento em um projeto pessoal. Bom, infelizmente, por conta dos afazeres acadêmicos, precisei pausar por um tempo. Mas isso não quer dizer, necessariamente, que desisti — apenas que está em pausa, até que eu consiga, novamente, ter tempo suficiente para desenvolvê-lo da melhor maneira possível.

É estranho escrever dessa forma, apenas pelo prazer de colocar sentimentos e a vida em algumas palavras. No último mês, escrevi apenas sobre artigos, listas de exercícios e temas relacionados à minha vida acadêmica.

Sinto, pela primeira vez em muito tempo, que estou onde deveria estar. Por mais que, às vezes, me venham ondas de incerteza — sobre minha idade, minha aparência ou minhas conquistas —, por mais difíceis que as coisas tenham sido nos últimos tempos, hoje sinto que estou caminhando para algum lugar.

Tenho começado a colocar planos em prática, buscado por objetivos que me aproximam mais da minha realidade. E não há nada mais prazeroso do que sentir que as coisas estão evoluindo — ainda que em passos lentos, estão evoluindo.

Qual seria o intuito desta postagem sem um assunto concreto? Bom, não há um objetivo definido — apenas escrever pelo simples prazer que é, para mim, escrever.