Recentemente, eu estava bem estressada, com muitas coisas na cabeça. E, de repente, senti uma necessidade urgente de conversar, de desabafar de alguma forma. Não tinha ninguém com quem sentar e dividir aquilo, e mesmo que tivesse, eu não sou muito de me abrir com facilidade. Então, cometi uma das maiores "atrocidades terapêuticas" da atualidade: escrevi um texto repleto de desabafos super pessoais e o coloquei numa Inteligência Artificial. Para minha surpresa, recebi uma resposta boa, acolhedora, sem julgamentos, que de alguma forma aliviou o peso daquele estresse pulsante.
Foi estranho. Me senti como nos filmes de ficção científica, em que as máquinas começam a substituir os humanos. Mas, ao mesmo tempo, fiquei preocupada e sem entender muito bem o que estava acontecendo. Talvez o meu desespero por um acolhimento rápido tenha sido o gatilho para eu buscar consolo em algo tão impessoal. Um texto tão pessoal, algo que com certeza eu nunca mostraria a ninguém, estava ali, em uma IA. Isso me fez perceber, de uma forma um tanto desconcertante, o quanto eu estava "desesperada" a ponto de pedir socorro a uma máquina.
E então veio a segunda preocupação: o que acontece com os textos pessoais que são publicados para uma IA? Será que alguém lê? Fica arquivado? Ou simplesmente é deletado, como se nunca tivesse existido? Eu, com minha curiosidade habitual, fui pesquisar sobre o assunto e descobri algumas coisas interessantes sobre o uso da IA como ferramenta terapêutica nos dias de hoje.
É claro que a Inteligência Artificial foi criada para realizar tarefas técnicas, principalmente no ambiente de trabalho. No entanto, no último ano, com a popularização dessas ferramentas, vimos uma expansão enorme do seu uso — seja para trabalhos acadêmicos, seja para criar imagens, organizar tarefas diárias ou até mesmo realizar pesquisas simples (afinal, quem nunca abriu a IA em vez de pesquisar no Google?). Com esse crescimento, não seria surpresa que as IAs também começassem a ser usadas em áreas psicológicas, e, de fato, já existem muitas pessoas que utilizam essas ferramentas como suporte terapêutico.
Li que alguns optam pela IA por diversos motivos. A principal delas é a disponibilidade 24 horas por dia. Além disso, a IA não julga o desabafo sincero, oferece conselhos que podem ser estimulantes e, claro, envolve um custo bem mais baixo.
Apesar de eu ter cometido esse "absurdo", acredito que não precisa nem ser dito o quão problemático pode ser substituir uma terapia convencional — com um profissional real, que estudou para estar ali, pronto para dar o apoio adequado — pela chamada "terapia virtual". Eu sou totalmente contra essa substituição. O psicólogo real não pode ser substituído por máquinas, que, em sua maioria, oferecem respostas pré-fabricadas e, no máximo, fazem pequenas alterações de palavras para que a resposta não soe tão robótica. É claro que sempre vamos encontrar profissionais ruins em qualquer área, e isso também acontece na psicologia. Por isso, é importante buscar referências e escolher com cuidado o profissional com quem vamos trabalhar.
No entanto, não quero terminar esse pensamento apenas criticando as IAs. Acredito que elas são ferramentas poderosas e valiosas, que, se usadas corretamente, podem ser de grande ajuda. Eu mesma as utilizo bastante, especialmente para trabalho e estudos. Tenho uma visão bem pragmática: tudo o que foi criado para ajudar pode ser muito útil, desde que seja usado de forma responsável. Mas, se você usar a IA apenas por preguiça, está apenas se tornando mais um alienado, escapando do esforço real de aprender, refletir e, principalmente, se conectar com outras pessoas.
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