Silêncios... Uma única palavra, mas que carrega um peso imenso sobre tudo o que eu vivo.
Às vezes, o silêncio não está nas coisas que deixamos de dizer. Ele se esconde, sutilmente, nas palavras que foram ditas — mas que carregam entrelinhas, ecos, e sentimentos mal disfarçados. Fico me perguntando com certa frequência: o que significa, de fato, um silêncio? E mais... onde é que eu deposito os meus silêncios?
Existe até uma piada interna sobre mim mesma: costumo dizer que minha mente nunca se cala. Em todos os momentos, há dez versões de mim coexistindo, cada uma gritando algo diferente, todas em desacordo, todas tentando assumir o controle. É engraçado... mas também é verdade.
Não existe silêncio dentro de mim. O meu silêncio é apenas a superfície. Lá dentro, tudo se movimenta, colide, questiona. Meu silêncio não é ausência — é disfarce.
Às vezes, me pergunto: como lidar com alguém que simplesmente não consegue se acalmar, que precisa de movimento constante, que nunca relaxa por completo? Essa pergunta me acompanha há anos — e, honestamente, ainda não encontrei a resposta.
O silêncio faz morada no meu exterior. Ele aparece nas observações que faço, na forma como me retraio, na maneira como fico quieta nos cantos. Mas não habita minha mente. Ali, tudo gira em desordem. Um eterno turbilhão de pensamentos que se atropelam, se enfrentam, se misturam.
Confesso: tenho medo do meu silêncio. Porque é justamente nesses momentos que me sinto mais caótica por dentro. Quando o mundo ao redor se cala, parece que tudo dentro de mim grita ainda mais alto.
Não sou — e talvez nunca tenha sido — alguém que se abre com facilidade. Em algum ponto da história deste blog, devo ter comentado como é difícil para mim mostrar o que realmente sinto. Sempre fui uma pessoa que fala muito... mas raramente digo o que está, de fato, dentro de mim.
Sei bem: os meus silêncios são gritos não gritados.
Talvez tudo isso não faça sentido. Talvez seja só mais uma tentativa de entender algo que nem eu mesma consigo explicar. Mas, curiosamente, há instantes em que encontro uma pequena pausa nesse ruído interno: quando escrevo, como agora. Ou quando escuto aquela música da minha banda favorita. É nesses momentos que uma espécie de calmaria me visita — mesmo que seja breve, mesmo que seja frágil. Um instante de paz numa mente tão amontoada.
Gostaria de dizer que essa tranquilidade também mora na minha casa. Mas, se existe um lugar que está longe de ser silencioso, esse lugar é o meu lar. Tudo ali é embaralhado, atravessado, confuso. Invejável é quem encontra no próprio lar um refúgio. A mim, resta procurar o silêncio em outros cantos — na escrita, na música, nos pensamentos que, vez ou outra, conseguem se alinhar.
E assim sigo: tentando fazer as pazes com os meus silêncios — os que falo, os que escondo e os que ainda estou aprendendo a escutar.
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