domingo, 23 de março de 2025

O dia seguinte

O dia seguinte sempre é o pior... principalmente quando as pessoas não têm conhecimento do que aconteceu, porque tudo isso se torna sua luta interna solitária.

Levantar, tomar o café, olhar as pessoas à sua volta, arrumar o que conseguir, e, enquanto tudo isso acontece, dentro da cabeça continua um grande turbilhão de pensamentos.

Uns dias atrás, eu estava super animada, escrevendo sobre continuar a estrada e fazer a vida melhor. Mas o dia de ontem foi pesado, senti que eu não fui ouvida, que cada sentimento que eu tenho foi invalidado ou ignorado de alguma forma.

Ao longo da madrugada, em meio a crise, parecia que as paredes estavam caindo por cima de mim. Enquanto todos dormiam, saí pela rua. Estava uma chuva fina e eu estava vestindo pijama velho, descalça e fumando um cigarro. Meus amigos estavam numa balada qualquer, eu queria ir até eles, mas senti que seria injusto pesar o clima e a diversão de outras pessoas com os meus problemas.

Eu estava me perguntando: quem está me procurando agora? Eu sei que não deveria me apegar à ideia de que alguém deveria me procurar, mas, nossa, como é horrível sentir aquela solidão. Queria que alguém me pegasse pela mão e me levasse para casa. Mas eu voltei sozinha, andando meio arrastada, era um choro silencioso, misturando a água da chuva com as lágrimas. Então, eu me dei conta de que parte de mim já desistiu e eu apenas me arrasto por aí.

Nunca as coisas dão certo, eu nunca faço escolhas certas, eu sou uma grande falha. Eu deveria ter me jogado na frente daquele carro anos atrás, e ontem eu queria um carro para ter novamente a oportunidade. Aquela necessidade de fazer sumir a dor abusiva dentro de mim, estava sufocante a forma como cada coisa me machucava e que eu queria apenas parar a dor. Claro que minha cabeça optou por desistir, porque eu tentava olhar para o futuro e nada parecia algo agradável. Eu estou tentando entender essa vida.

Entrei em casa, tomei um banho e então, estava tão cansada, deitei e dormi.

O dia seguinte costuma ser mesmo o pior, ainda mais quando se enfrenta tudo sozinha... Eu não sei o que esperar, não sei se devo esperar alguma coisa.

terça-feira, 18 de março de 2025

Transformando Emoções em Ações

Sigo no meu roteiro de reflexões pessoais e escrita sobre meus propósitos. Como já expressei em momentos anteriores, dar palavras aos sentimentos que tenho me ajuda a dar escape às coisas incessantes que se passam dentro da minha cabeça.

Estive pensando em montar um plano para postagens, fazer desse canto um projeto pessoal e desenvolver algo legal que seja sobre mim. Talvez eu tenha tido essas inspirações devido ao fato de que, em breve, faço aniversário e sinto que investi muito pouco em mim mesma.

Entrando nesse assunto sobre investimento pessoal, também comecei a me dar conta do anseio que tenho de me desenvolver. Sempre fiquei paralisada pelo medo de fracassar nos meus projetos pessoais. Houve situações em que cheguei a começar, mas nunca fui muito adiante. Sou muito movida pela ideia de recomeços; acho que o início das coisas é bem cativante, emocionante, e é o momento em que o fogo pela paixão do projeto está mais aceso. No entanto, com o tempo, acabo deixando toda essa emoção passar e admito que tenho sérios problemas em dar continuidade. Existem muitos motivos que me fazem parar as coisas, mas posso elencar o motivo principal como o medo que sinto do fracasso.

Enfim, percebi que a disciplina é a ponte entre os objetivos e os resultados. O que realmente me falta é a disciplina: estabelecer uma rotina consistente. Talvez o motivo dessa dificuldade seja porque sempre tento realizar uma super mudança, onde toda a minha vida mude de uma vez. Com o tempo, tenho me dado conta de que a chave do sucesso está nas pequenas ações diárias, que, somadas, se transformam em grandes conquistas. Ou seja, não é necessária uma super mudança em toda a minha vida; são as pequenas coisas que posso começar a realizar por mim mesma que vão dar vida ao meu sucesso futuro.

Voltando à vontade de iniciar um projeto pessoal, comecei recentemente a pensar sobre as coisas que gosto e desgosto, sobre as coisas que sinto vontade de transformar em uma carreira e as coisas que são do meu entretenimento. Acho que já comecei a ter uma luz e, dessa vez, não vou "recomeçar algo". Já estou em um caminho, então vou investir nesse caminho em que estou. Vou tentar ao máximo me dedicar, mesmo que em alguns momentos toda a chama da emoção se transforme em brasa. Não tenho intenção de deixar tudo se apagar."


domingo, 16 de março de 2025

O Eco da Madrugada

Um cigarro na boca, levemente bêbada, cabelo bagunçado e a camisa de uma banda pouco conhecida rasgada, ela está sentada na beira da avenida, observando os carros que passam pela madrugada. Tão despedaçada, com ideias meio tortas. Algumas pessoas acham que a vida dela não vale muita coisa e que sua existência não acrescenta nada a esse mundo.

Existe beleza nela, sonhos e sentimentos, existe tanta vontade de viver, mas o mundo já decretou que ela não deveria existir. Ela é uma falha, e o que quer que essa não tão jovem mulher decida, não vai valer a pena. Todos a encorajam a desistir, porque o seu tempo já se foi e não há mais nada que se possa fazer para mudar.

Quando jovem, existiam uma infinidade de oportunidades, mas sabe como é: decida rápido, decida certo, e quando envelhecer, não haverá mais nada que se possa fazer.

Ela permanece ali, na beira da avenida, os olhos vagos acompanhando os faróis dos carros que cortam a noite. O mundo ao seu redor parece tão distante, mas, ao mesmo tempo, tão próximo, como se pudesse tocá-lo se estendesse a mão. Cada pensamento é uma luta, cada suspiro, uma tentativa de compreender onde se perdeu.

E, no entanto, em um momento de clareza, ela percebe algo: o tempo não é um inimigo, mas um aliado. O que ela imaginava ser a falha de sua existência era, na verdade, uma chance de recomeçar. Não importa o quanto tenha se perdido, ainda há algo a ser encontrado. No fundo, ela sabe que a vida não se define pelo que dizem, nem pelo que os outros esperam. Ela é mais que a opinião do mundo.

O vento começa a soprar mais forte, bagunçando ainda mais seu cabelo, como se quisesse dar-lhe coragem. Ela se levanta, com um esforço quase imperceptível, mas com a força de quem sabe que, apesar dos pesares, a caminhada não precisa ser feita sozinha. A avenida, antes vazia de possibilidades, agora se abre à sua frente, e ela decide, enfim, dar o primeiro passo.

Algumas coisas podem parecer irreparáveis, mas há sempre uma chance para quem ainda acredita no poder de recomeçar. O mundo pode ter dito que ela não deveria existir, mas ela decidiu que vai continuar existindo, de uma forma que só ela entende. E com o coração um pouco mais leve, ela segue, porque, no fim, o único julgamento que importa é o seu.


quarta-feira, 12 de março de 2025

Quando a Vida Não Segue o Roteiro

Montar textos, colocar em palavras momentos, sentimentos e histórias sempre foi um prazer, um encanto e, por algumas vezes, uma necessidade. Escrever é um ato revolucionário, é incrível, é cativante. Escrever é arte, é dar vida, é informar. Escrever pode ser mil e uma coisas; pode ser um universo e, às vezes, pode ser uma célula.

Quando comecei a escrever um blog solitário, não foi com a intenção de revelar a terceiros, porque em nenhum momento quis me comprometer com algo tão sério; talvez eu apenas quisesse me abrir. Porém, já fazem meses que não me dedico a escrever pelo prazer e pela rebeldia de escrever. Talvez tenha sido a falta de tempo ou a falta de inspiração. São tantos afazeres que acabo deixando o ato de escrever de lado.

Este mês, meu aniversário está chegando, e completo mais um ciclo, encerrando uma jornada e iniciando uma nova. Eu havia pensado em escrever sobre o quanto comecei o ano extremamente empolgada e disposta a dar vida aos meus sonhos. Tive expectativas de colocar em prática toda uma vida de vontades, planejei viagens, procurei informações sobre como finalmente tirar a CNH e comecei a pensar em formas de conquistar a tão sonhada independência.

Hoje, venho escrever sobre como lidar com o sentimento de quando os planos não saem exatamente como esperamos.

Para conseguir entender melhor isso, começaremos do início. Ao longo de toda a minha vida, tive alguns sintomas, digamos assim, situações que não me preocupavam. Às vezes, perdia a memória, às vezes, o equilíbrio; tive dores de cabeça recorrentes. Eu não dava muita atenção, achava que era “normal”. No final do mês de outubro de 2024, tive a minha primeira crise convulsiva. Nos meses que se seguiram, as crises se tornaram frequentes, e comecei a esquecer palavras ou frases. Com tudo acontecendo rapidamente e a fraqueza no corpo, precisei procurar um médico. O diagnóstico de Epilepsia do Lobo Temporal Mesial não foi exatamente uma surpresa, mas o diagnóstico de Esclerose Hipocampal me pegou desprevenida.

Claro que fui muito encorajada pelos médicos. Sou uma mulher jovem, a doença está no estágio inicial e pode ser controlada com medicamentos, sendo pouco provável que será necessário intervenção cirúrgica. No entanto, será necessário abrir mão de algumas coisas, por enquanto. Não haverá mais happy hour com amigos por algum tempo, nem aquele vinho de sábado à noite. A CNH vai precisar esperar mais alguns anos, e as viagens talvez só daqui a dois anos…

Eu sei que deveria ficar feliz em saber que tudo é reversível, mas fico com a sensação de que, todas as vezes em que tentei fazer minha vida andar, algo me fez parar. Um relacionamento tóxico me fez parar por um tempo. Depois veio a gravidez. Quando finalmente comecei a fazer a vida andar, veio a pandemia de Covid, e agora, tentando superar minhas dificuldades emocionais, tentando fazer a vida funcionar, novamente me vejo parada.

Nesse momento, o que me resta? Continuar a escrever, tentar fazer funcionar aquilo que dá, talvez finalizar a faculdade. Mas este ano, sinto que não haverá festa ou comemoração.