terça-feira, 4 de novembro de 2025

Pertencimento: mais do que um conceito acadêmico

Recentemente, me vi realizando uma extensa e longa pesquisa sobre o conceito de pertencimento para elaborar um trabalho da faculdade. Depois de um bom tempo mergulhada no assunto, senti necessidade de falar mais sobre o tema, porém adicionando minhas opiniões pessoais, já que, para a faculdade, o texto precisa ser limpo. Então, hoje vou escrever sobre algo que não estou acostumada a colocar por aqui.

Primeiramente, precisamos entender que o pertencimento está profundamente ligado à nossa natureza social e que somos seres dependentes da interação com outras pessoas a partir do momento em que nascemos. Desde os primórdios dos tempos, existe a necessidade de estar inserido em algum grupo, pois isso era uma questão de sobrevivência. O indivíduo que fazia parte de um bando possuía maiores chances de sobreviver e experimentava um sentimento de segurança, enquanto aquele que era excluído ou rejeitado não possuía.

O conceito de pertencimento é algo extremamente amplo, que poderia ser desenvolvido em um texto muito extenso, mas um artigo específico me chamou a atenção, principalmente por abordar alguns caminhos que podem parecer óbvios, mas aos quais acho que as pessoas não se atentam tanto (vou deixar a referência com o link do artigo ao fim do texto). No artigo, o autor fragmenta o pertencimento em três dimensões principais.

A primeira dimensão abordada é o pertencimento social, que é condicionado à inclusão dentro de estruturas coletivas, sejam elas nações, classes, culturas ou instituições. Dentro desse campo, é abordado como a modernidade e a pós-modernidade trouxeram novas premissas de exclusão e hierarquização. Também é defendido que pertencer não depende apenas de reconhecimento formal, mas também de aceitação simbólica dentro das normas culturais e políticas de cada comunidade.

Na segunda dimensão abordada, fala-se sobre o pertencimento corporal. Num primeiro momento, antes de ler o texto, acreditei que isso estava ligado a padrões estéticos, mas deparei com uma tese muito mais extensa. Esse vetor afirma que é o corpo que torna visível a posição do indivíduo dentro da sociedade, definindo as chances de inclusão conforme raça, gênero, deficiência, geração e sexualidade.

E, por fim, temos o pertencimento afetivo e existencial. É dentro dessa dimensão que se aborda o pertencimento como disposição emocional e sentido de vida, afirmando que ele é sustentado por quatro necessidades humanas (propósito, eficácia, valor moral e autoestima). A ausência de pertencimento, causada por rejeição ou exclusão, desestabiliza o sentido existencial e gera sofrimento.

Bom, não preciso nem mencionar que isso é só um resumo extremamente superficial do que é abordado no artigo, porém recomendo a leitura.
Claro que sou bastante leiga nesse campo — curso Administração, e não Psicologia —, mas achei muito interessante a forma como o assunto foi abordado e as comparações com a literatura feitas ao longo do texto.

Parte de mim se enxerga um pouco nesses conceitos e na forma como lido com a vida. Ultimamente, tenho me sentido constantemente isolada e depressiva, então realizar esse trabalho na faculdade tem sido uma via de mão dupla, tanto para me dar uma nota quanto para que eu possa lidar com os meus problemas relacionados a isso.

Bom, essa é minha extensa opinião, e sei que o texto ficou muito maior do que eu pretendia, mas me senti feliz em colocar algo tão diferente e não as mesmas palavras de sofrimento com que costumo encher este blog.

Referência:
MATHIAS, Dionei. Pertencimento: discussão teórica. SciELO Brasil, 28 abr. 2023. Disponível em: https://www.scielo.br/j/alea/a/5j8SHLFb5zy65tR5s5fjpSy/?format=html&lang=pt. Acesso em: 30 out. 2025.

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